Início dos anos 70. Na pacata Resplendor, cidade mineira às margens do rio Doce, o tempo parece correr em outro ritmo. Enquanto o Brasil vive os anos de chumbo da ditadura militar, com manifestações e censura dominando os grandes centros urbanos, os moradores de Resplendor seguem imersos em sua tranquila rotina, quase protegidos do tumulto nacional. O rio não serve apenas como um traço na paisagem: sem ponte ligando suas margens, ele separa culturas, hábitos e, sobretudo, classes sociais.
É nesse cenário quase intocado que floresce um improvável romance entre Lucas e Clarisse. Vindo de realidades opostas e moradores de lados diferentes da cidade, eles se conhecem por acaso e passam a desafiar, com o delicado entusiasmo da juventude, tanto as restrições sociais quanto às barreiras físicas que os afastam. Resplendor, por fora imune aos ventos da história, abriga em seu interior conflitos profundos: o desejo de mudança, a busca por entendimento e o impacto dos acontecimentos nacionais mesmo nos lugares mais distantes.
Confrontando os olhares atentos de uma comunidade tradicional e o peso das diferenças, Lucas e Clarisse precisam decidir se o amor e a esperança são capazes de atravessar o rio — e as convenções — num tempo em que até o mais pacato dos vilarejos não podia escapar das sombras do regime. Trata-se de uma história sobre encontros, separações e a silenciosa resistência dos sentimentos diante das muralhas da vida e da História.
Mineiro de nascimento desde 1971, mas com a cabeça no mundo, sou um educador por profissão e um amante das línguas e das culturas mais variadas. Para mim, escrever é muito mais do que uma simples arte; é uma libertação do pensamento, uma jornada que transforma a fantasia
em realidade e uma forma divertida de preservar a história que, muitas vezes, o tempo parece querer apagar. Cada palavra é como uma ponte que conecta o meu interior ao vasto universo ao meu redor, proporcionando um espaço de reflexão e criatividade.
Meus personagens, embora fictícios, têm uma alma verdadeira, representando lutas não travadas, amores não vividos e esperanças que se perderam pelo caminho. Ao criar suas histórias, eu busco mostrar a complexidade das emoções humanas, aquelas que nos tornam
frágeis e fortes ao mesmo tempo. Quando me deixo levar pela escrita, minha missão é retratar o que faz a vida valer a pena: a amizade genuína, o amor em suas diversas formas, as lutas que vencemos e aquelas que ainda enfrentamos, as emoções intensas que vivemos e as dores que
superamos. É um mosaico de experiências que, quando juntos, formam a tapeçaria da vida. É uma aventura que se renova a cada página, onde cada texto é um novo olhar sobre o mundo que nos cerca.
Assim, ao escrever, busco não apenas contar histórias, mas também criar um espaço de diálogo e reflexão. Espero instigar em cada leitor uma conexão com suas próprias vivências, lembrando que a vida, com suas altas e baixas, é uma dádiva que merece ser vivida com intensidade. Escrever é meu jeito de contribuir para a história da humanidade, uma palavra por vez, mantendo viva a chama da esperança e do amor em um mundo que frequentemente parece esquecer seu valor.